Skip to content

Illustrations

La tempera est une technique ancienne qui date du moyen âge, et qui consiste à mélanger des pigment­­s avec de l’oeuf et de l’huile de lin. Comme je cherche à obtenir par endroits des matières épaisses et assez brutes je travaille aussi par rajout de sable et de grandes quantités de pigments.

Encre de Chine

El Jinete

En la luna negra
de los bandoleros,
cantan las espuelas.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

…Las duras espuelas
del bandido inmóvil
que perdió las riendas.

Caballito frío.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra,
sangraba el costado
de Sierra Morena.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

La noche espolea
sus negros ijares
clavándose estrellas.

Caballito frío.
¡Qué perfume de flor de cuchillo!

En la luna negra,
¡un grito! y el cuerno
largo de la hoguera.

Caballito negro.
¿Dónde llevas tu jinete muerto?

 

Federico Garcia Lorca

 

Tudo é absurdo

Tudo é absurdo. Este empenha a vida em ganhar dinheiro que guarda, e nem tem filhos a quem o deixe nem esperança que um céu lhe reserve uma transcendência desse dinheiro. Aquele empenha o esforço em ganhar fama, para depois de morto, e não crê naquela sobrevivência que lhe dê o conhecimento da fama. Esse outro gasta-se na procura de coisas de que realmente não gosta. Mais adiante, há um que(…)

Um lê para saber, inutilmente. Outro goza para viver, inutilmente.

Vou num carro eléctrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para mim os pormenores são coisas, vozes, letras. Neste vestido da rapariga que vai em minha frente decomponho o vestido em o estofo de que se compõe, o trabalho com que o fizeram – pois que o vejo vestido e não estofo – e o bordado leve que orla a parte que contorna o pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que se o bordou, e o trabalho que houve de o bordar. E imediatamente, como num livro primário de economia política, desdobram-se diante de mim as fábricas e os trabalhos – a fábrica onde se fez o tecido: a fábrica onde se fez o retrós, de um tom mais escuro, com que se orla de coisinhas retorcidas o seu lugar junto do pescoço; e vejo as secções das fábricas, as máquinas, os operários, as costureiras, meus olhos virados para dentro penetram nos escritórios, vejo os gerentes procurar estar sossegados, sigo, nos livros, a contabilidade de tudo; mas não é só isto: vejo, para além, as vidas domésticas dos que vivem a sua vida social nessas fábricas e nesses escritórios… Todo o mundo se me desenrola aos olhos só porque tenho diante de mim, abaixo de um pescoço moreno, que de outro lado tem não sei que cara, um orlar irregular regular verde-escuro sobre um verde-claro de vestido.

Toda a vida social jaz a meus olhos.

Para além disto pressinto os amores, as secrecias, a alma, de todos quantos trabalharam para que esta mulher que está diante de mim no eléctrico use, em torno do seu pescoço mortal, a banalidade sinuosa de um retrós de seda verde-escura fazenda verde menos escura.

Entonteço. Os bancos do eléctrico, de um entretecido de palha forte e pequena, levam-me a regiões distantes, multiplicam-se-me em indústrias, operários, casas de operários, vidas, realidades, tudo.

Saio do carro exausto e sonâmbulo. Vivi a vida inteira.

 
Bernardo Soares / Fernando Pessoa
 
 
 

Mi padre

De mi padre se cuenta que de caza partía, Cuando rayaba el alba, seguido de su galgo,Y en el largo camino, por divertirse en algo, Lo miraba a los ojos, y su perro gemía.

Que andaba por las selvas buscando una serpiente Procaz, y al encontrarla, sobre la cola erguida, Al asalto dispuesta, de un balazo insolente Se gozaba en dejarle la cabeza partida.

Que por días enteros, vagabundo y huraño, No volvía a la casa, y, como un ermitaño, Se alimentaba de aves, dormía sobre el suelo.

Y sólo cuando el Zonda, grandes masas ardientes De arenas y de insectos, levanta en los calientes Desiertos sanjuaninos cantaba bajo el cielo.

Alfonsina Storni

Pour rire en société

Le dompteur a mis sa tête

dans la gueule du lion

moi

j’ai mis seulement deux doigts

dans le gosier du Beau Monde

Et il n’a pas eu le temps

de me mordre

 

Tout simplement

il a vomi en hurlant

un peu de cette bile d’or

à laquelle, il tient tant

Pour réussir ce tour

utile et amusant

Se laver les doigts

soigneusement

dans une pinte de bon sang

 

Chacun son cirque

Jacques Prévert

Aquarelle

A veces, los caballos se reúnen...

A veces, los caballos se reúnen allá. Las lechuzas con sus sobretodos oscuros, sus lentes muy fuertes, sus campanillas extrañas convocan a los hongos blancos como hueso, como huevos. A veces tenemos hambre y no hay un animalillo que degollar.

Entonces vamos por la escalera hacia el desván a buscar las viejas piñas, los racimos de tablas con sus uvas duras y oscuras, las viejas almendras. Al partirlas salta la vicheja, lisa, suave, anacarada, rosa o azul.

Si es de color oro la arrojamos al aire y ella se pone a girar envuelta en un anillo de fuego como un planeta.

A veces, ni tengo hambre. La luna está fija con sus plumas veteadas. Cantan los caballos…

 

Marosa Di Giorgio